domingo, 31 de outubro de 2010

A Mulher na Politica no Brasil

Coincidência ou não, Dilma Roussef nasceu em plena efervescência das primeiras eleições municipais após o Estado Novo. Quando as Câmaras dos Vereadores foram reabertas e se enfrentava a polêmica situação da cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas. No Recife a reabertura e posse dos vereadores, eleitos em outubro de 1947, foi no dia 15 de dezembro, portanto, Dilma tinha um dia de nascida. Metade dos vereadores eleitos no Recife eram comunistas.



Pouca gente tem idéia da atuação das mulheres nesse processo de luta pela democracia, que ganhou força com a deposição do Estado Vargas em 1945. O voto tornara-se obrigatório a partir dos dezoito anos, sem distinção de sexo. Apenas as mulheres que não exerciam atividade lucrativa estavam desobrigadas de votar.


A mulher teve papel fundamental na história desse país. Uma história que pouca gente conhece, e pouca gente divulga. Em 1945 elas tomaram posição em partidos e se engajaram na campanha por seus candidatos à presidência, como a ala feminina da UDN pelo Brigadeiro Eduardo Gomes. Criaram o Comitê de Mulheres Pró-Democracia, primeiramente em prol da anistia, depois defendendo a Constituição, o direito de existência do PCB, contra a cassação dos mandatos comunistas, em defesa da paz mundial e contra a guerra fria.


No Recife, duas mulheres se destacaram por inaugurar a presença feminina na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal: Adalgisa Cavalcanti e Julia Santiago, respectivamente.


As mulheres sempre atuaram dando apoio aos homens. Nesse período, das décadas de 40 e 50, elas não eram apenas apoio, mas seres atuantes em defesa de melhorias na qualidade de vida e de trabalho, pela paz e pela democracia. Criaram comitês de mulheres, clubes e associações femininas em vários lugares da cidade e do estado. Muitas delas foram presas e passaram vexames, às vezes, apenas por ter nas mãos, em via pública, um exemplar do jornal comunista Folha do Povo.


A década de 60 chegou e mulheres continuaram lutando pelo que acreditavam, pela liberdade democrática, e muitas delas sofreram muito por sua ousadia e deram a vida pelos seus ideais.


Mais do que bandeiras feministas, essas mulheres lutaram por um mundo melhor.

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