segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Gregório Bezerra e as eleições municipais de 1947: Recife Cidade Base-Militar.

No Domingo 14 de agosto de 2011, na 2ª edição impressa do Jornal do Commercio, saiu uma matéria de duas páginas, da seção “Memórias Políticas”, sobre o relançamento do livro de Memórias de Gregório Bezerra pela Fundação Joaquim Nabuco.


Chamou minha atenção o fato de, entre tantos momentos importantes da vida de Gregório, o jornal não mencionar que, em 1947, Gregório Bezerra se candidatou a prefeito do Recife, e tinha amplas possibilidades de ser eleito. Contudo, o Presidente Eurico Gaspar Dutra, dias antes das eleições, assinava um decreto que estabelecia Recife, Manaus, Belém, Natal, Salvador, Niterói, Angra dos Reis, São Paulo, Santos, Guarulhos, Florianópolis, São Francisco (Santa Catarina), Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria, Gravataí, Canoas e Corumbá “portos e bases militares de excepcional importância para a defesa do país”. Era o tempo da Guerra Fria, Recife havia servido de base aliada durante a Segunda Guerra Mundial, e as eleições para governador e assembleias constituintes do Estado e da Nação, que aconteceram em 02 dezembro de 1945, havia alertado quanto a preferência dos eleitores das principais capitais do país pelos candidatos comunistas.

Recife, segundo o Diário de Pernambuco da época, estava sob o domínio vermelho. Mesmo o PCB na ilegalidade, candidaturas populares (líderes operários e profissionais liberais) recorreram à legenda do Partido Social Progressista (PSP) para serem eleitos para a Câmara Municipal do Recife. De um total de 24 cadeiras, metade foi ocupada por comunistas, ou simpáticos ao movimento; entre os eleitos estava Júlia Santiago da Conceição, líder têxtil, primeira mulher vereadora do Recife.

Apesar da proibição, a campanha de Gregório continuou até o último momento. Logo depois, ele foi preso injustamente, acusado de incendiar instalações de um regimento de infantaria em João Pessoa.

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